segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Ser ou não ser dona de casa

Existe uma lenda que diz que em algum lugar é possível ser uma pessoa adulta, independente, sem ser uma dona ou dono de casa.  Minha vó e minha mãe sempre me avisaram que esse é o destino de todo ser humano: crescer e ter que cuidar da própria roupa, do próprio nariz.  Eu até que tentei adiar o máximo esse momento de plena responsabilidade, só me mudando da casa dos meus pais quando me casei.  Já estou 8 anos nesta estrada e acho que já deu tempo de aprender algumas coisas.

A primeira delas é aceitar aquilo que é um fato da vida.  Por muito tempo eu comprei todas as ideias oferecidas por aí e o resultado era sempre ficar ressentida.  Ficar pensando no ser ou não ser, que na verdade não era meu para escolher.  Acabava então naquela situação em que se escolhe o não e se sente oprimida por essa opção não estar no cardápio.  Sim, se eu tivesse dinheiro de morar em um hotel, usando lavanderia e o restaurante desde o desjejum realmente seria a minha vida perfeita.  Mas quem eu conheço que vive assim?  




Com duas crianças, o meu esforço para manter o nosso lar um lugar habitável, quiçá agradável, tem me feito frequentemente recorrer ao convite do Salvador:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.Mateus 11:28-30

Tenho refletido bastante sobre essa ideia de tomar sobre mim o jugo, ou seja, aceitar as coisas como são.  Acho que eu gastei muito tempo e energia tentando mudar coisas que não são negociáveis.  Especialmente no que diz respeito ao serviço doméstico, onde só há três possibilidades: ou é feito por mim, ou nada é feito, ou estou colocando a minha carga nos ombros de outra pessoa.  Após muita ponderação concluí que, no meu caso, o mais indicado era aceitar o desafio de frente.

E que desafio! Me sinto em uma montanha-russa quebrada onde tenho que levar o carrinho nas costas na hora da subida.  Ontem de noite eu estava pensando em como dar conta de tudo e na  nossa leitura das escrituras em família, as palavras da história ganharam um significado especial para mim:
E aconteceu que a voz do Senhor lhes falou em suas aflições, dizendo: Levantai a cabeça e tende bom ânimo, porque sei do convênio que fizestes comigo; e farei um convênio com o meu povo e libertá-lo-ei do cativeiro.
E também aliviarei as cargas que são colocadas sobre vossos ombros, de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas enquanto estiverdes no cativeiro; e isso eu farei para que sejais minhas testemunhas no futuro e para que tenhais plena certeza de que eu, o Senhor Deus, visito meu povo nas suas aflições.
E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram leves; sim, o Senhor fortaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor.  
Mosias 24:13-15 
Acessado em 17/08/2015 em https://www.lds.org/scriptures/bofm/mosiah/24?lang=por


 Posso dizer que tenho sentido mais paz ao escolher a paciência de aceitar a louça nossa de cada dia.  E de alguma forma tem sido melhor do que eu esperava.


6 comentários:

  1. É um grande desafio mesmo!! Às vezes dá vontade de largar tudo sem fazer hahahaha

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  2. Vc descreveu exatamente como me sentia também... mas é fato de que há coisas que não podemos evitar não é mesmo? recebi tb uma resposta com relação a isso na história de Alma e Amulon... quando Alma estava oprimido com seu povo, carregando o fardos pesados, pediu ajuda ao Senhor e aliviou suas cargas. O Senhor não fez desaparecer o fardo, mas fez ele ser leve;) é assim que me sinto com o trabalho doméstico.. e acho que assim como alma e seu povo foi liberto mas a frente, tb no futuro poderei me livrar deste fardo.. não que ele vai deixar de existir, mas vai deixar de ser uma dificuldade;) muito bom o seu post!!! perfeito!!! beijuxxxx

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    1. Essa citação é justamente dessa história! Estamos em sintonia!

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  3. Lu, tenho vivido um slogan q criei e me ajuda... "Abra mão da perfeição. ",Por diversas vezes me senti angustiada por não ter conseguido fazer tudo como gostaria. Entender esse lema me fez escolher entre sacrifícios bons e sacrifícios tolos, trocar o bom pelo ótimo. Sempre digo q Qnd meus filhos crescerem quero q digam "minha mãe era o máximo, divertida e sempre presente " e não quero q digam "a casa da minha mãe era sempre impecável ", pq sinto q posso estar criando crianças sob um padrão inatingível. Vou explicar... Minha mãe sempre diz "minha mãe (a mãe dela) , nunca deixou a cada bagunçada, a cozinha sempre dormiu limpa, tinha hora pra acordar e não tinha hora pra dormir, abriu mão de tudo pelos filhos " enfim, coisas do tipo. Muitas vezes me senti frustrada por não ser como minha vó ou como minha mãe. Qnd passei a entender q cada pessoa tem um nível de perfeição, pode respirar! Talvez eu não precise e nem queira ser igual a elas, e ainda assim estar tudo bem! Como mulheres sud, acho sim q nos cobramos muito mais! Temos q ser mães, namoradas, a casa deve ser um templo (sempre penso em limpeza Qnd ouço isso rsrs), temos chamados, somos amigas e socorremos umas às outras. Enfim (desculpa o looongo comentário) mas sei q eh libertador mudar!
    P.s.- já institui faz tempo o prato descartável! Pelo menos no domingo! Kkkkkk
    Adoro seus posts!

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    1. Boa! Vou aderir aos descartáveis no domingo!
      Obrigada pelo carinho e incentivo de sempre!

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