terça-feira, 20 de outubro de 2015

Educar o coração

Esses dias estava trocando e-mails com uma amiga sobre problemas da vida e em dado momento falei sobre não chorar.  Minha amiga achou minha opinião forte demais:  como não chorar diante das coisas duras da vida?  Será que tenho que andar por aí reprimindo as minhas emoções?

Eu acabei mudando de assunto porque nada que eu falasse naquela situação cairia bem e ficar insistindo no assunto só traria mais tristeza para minha querida amiga.  Mas esse assunto ficou cozinhando na minha cabeça.  Porque quem me conhece desde sempre sabe que eu fui uma criança chorona.  Fui chamada incontáveis vezes de manteiga derretida!  Então como a menina que chorava por tudo se tornou uma pessoa que normalmente não chora é algo que eu gostaria de explicar.

Eu nunca tentei reprimir minhas emoções.  Eu nunca pensei "quando eu quiser chorar, vou segurar".  Eu simplesmente chorava e continuo chorando quando me dá na telha.  O que fez com que eu parasse de chorar foi aprender a entender melhor minhas emoções e a lidar com elas.  É lógico que pessoas com depressão e vícios tem limitações que essas minhas experiências em nada ajudam. Mas para a pessoa saudável, é sim possível controlar e administrar o próprio coração.  A meu ver ninguém pode se considerar amadurecido sem desenvolver esse tipo de habilidade.


Aprendi, por exemplo, o que me faz perder o controle.  Eu não consigo ter controle quando estou com muito sono, fome ou dor.  Então sempre que possível eu cuido disso para que eu tenha capacidade de encarar o dia da melhor forma possível.   Percebi que o exercício físico me dá mais calma para enfrentar as adversidades.  Gosto de tomar complementos vitamínicos para me ajudar a sentir mais disposição (e não, vitamina não engorda).  Um corpo saudável é mais fácil de suportar o dia a dia.

Mas eu não quero aqui dizer como a gente faz para conseguir alcançar o autocontrole.  Eu quero apenas dizer que é preciso e possível.  No meu caso, a minha capacidade de me controlar ainda não é perfeita mas ela já melhorou muitas vezes ao longo dos anos.  Mas isso jamais teria acontecido se eu não estivesse tentando fazer isso.  Quanto mais eu me conheço e busco entender melhor como eu mesma funciono, mais fácil fica buscar as coisas que me fazem bem e evitar aquilo que me faz mal.  

Quando eu era adolescente, uma das escrituras do curso do seminário que muito me marcou está nos conselhos de Alma a seu filho Siblon:


Usa de ousadia, mas não de despotismo; faze também com que todas as tuas paixões sejam dominadas, para que te enchas de amor; procura fugir da ociosidade. 
Alma 38:12

A cada dia me impressiono mais com o exemplo de Jesus Cristo.  É verdade que Cristo chorou e sentiu raiva em algum momento de sua vida.  Mas é também verdade que ele sempre se portou com ousada coragem diante da oposição.  Algumas vezes essa ousadia se manifestou na forma do mais sereno desprezo.  Hoje de manhã eu li com as crianças em João 8 a história da mulher que seria apedrejada.


"E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em aadultério;
E pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
 E na alei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isso diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E como insistissem em perguntar-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem apecado seja obprimeiro que atire pedra contra ela.
E tornando a inclinar-se, escreveu na terra.
Porém, ouvindo eles isso, e acusados pela aconsciência, saíram um a um, começando pelos mais velhos até os últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio.
E endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te acondeno; vai-te, e não bpeques cmais."

Imaginei a cena, o barraco armado, o bafafá da mulher que foi achada no flagrante, e mesmo assim ele na dele, escrevendo no chão, alheio a tudo aquilo.  As pessoas insistindo, raivosas e ansiosas pelo espetáculo cruel.  Ele levantando, respondendo e voltando imediatamente ao que estava fazendo, com a mesma calma que estava antes.  Isso é muito autocontrole, minha gente! 

Por isso eu digo: é importante educar o coração.  Um coração educado é mais capacitado para receber as orientações do Espírito Santo.  Emoções fortes não nos permitem sentir os delicados sentimentos que vem de Deus.   E quanto mais educarmos essas paixões, mais seremos capazes de conhecer a verdadeira alegria.




domingo, 18 de outubro de 2015

Aprendendo a viver sem pressão

Pois é, eu não escrevi ainda essa semana.  Estava tão ocupada e me sentindo bastante atarefada. Com dois feriados na semana com crianças em casa o dia inteiro é difícil para uma mãe de crianças ainda muito pequenas sentar no computador.  Estava tentando fazer tudo e não avançando na maioria delas e o sentimento de ansiedade começou a crescer ao ponto de me fazer mal.  

Como todo bom brasileiro, fui para o google!  Na terça-feira achei um teste de um site sobre saúde mental que tratava de stress e fadiga e fiz o teste.  Você era considerado estressado se fizesse acima de 19 pontos e eu fiz 35.  Quando meu marido descobriu que a pontuação máxima era 40, me deu os parabéns por ter quase gabaritado.  E eu fiquei analisando como eu poderia sair daquela situação. 




E só de sexta para cá as respostas foram chegando.  O Espírito Santo me mostrou que a raiz do meu estresse era não saber renunciar às escolhas passadas.   De primeira eu achei que não era bem assim, que eu sei fazer e aceitar minhas escolhas... Mas quando parei bem pra pensar, tive que concordar com Ele: não sou nada.  Eu quero escolher tudo ao mesmo tempo!  Quero ser empreendedora de sucesso, mãe dedicada, esposa atenciosa, discípula obediente, cidadã engajada, inteligente, bonita, sarada, com uma casa limpa e arrumada, falar com os amigos...  E muito embora eu trabalhe em todas essas coisas de alguma forma, na verdade o meu sofrimento estava vindo de buscar esse monte de coisas ao mesmo tempo.  Eu preciso focar melhor e não sofrer com a bolinha que eu deixei cair do meu malabarismo.

Então ontem eu achava que eu já tinha chegado na raiz do problema e só precisava trabalhar o meu psicológico nessas coisas.  Mas as palavras "não podeis servir a dois senhores" ficaram indo e voltando na minha cabeça.  E no caminho do cinema com o marido sem crianças ontem (sim!  milagres existem!) decidi não mais resistir a Deus e fui ver o que Ele queria me mostrar lá em Mateus 6.  Então eu li:


"Ninguém pode aservir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a bMamom."

O Espírito me fez entender então que isso é verdade para todos as escolhas.  Se eu faço a minha escolha e continuo "amando" as outras alternativas ao que eu escolhi, eu vou ficar oscilando entre amar e odiar a minha decisão, revivendo aquela escolha muitas e muitas vezes.  Voltei os meus olhos para o texto de novo e continuei:

"Por isso vos digo: Não andeis bcuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo,mais do que o vestuário?"

É, realmente, eu estou muito cuidadosa quanto a minha vida, tentando resolver o que o povo da minha casa vai comer, beber, vestir.  Aquela pilha de roupa pra passar parecia querer me engolir... E como se sentir relaxada quando somos sugados por uma rotina que é exigente e que não pára nunca? E assim comecei a conversar com o texto.


"Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai Celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
E quanto ao vestuário, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca ?"
Tudo bem, eu sei que eu tenho que contemplar mais as obras de Deus e ser mais grata e reconhecer a sua mão na minha vida.  Eu sei que eu preciso confiar mais.  Mas no fim das contas sou eu quem tem que trabalhar para que as bênçãos cheguem.  E aí?
"Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
(Porque todas essas coisas os gentios procuram). Pois vosso Pai Celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas;Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas."
Priorizar e não me preocupar... Eu acho que eu consigo fazer isso.  Mas, espere aí, eu não busquei as coisas de Deus em primeiro lugar hoje!  Eu deveria agora estar cuidando da atividade de sábado que vem e estou aqui indo para o cinema.  E agora?
"Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."
"Tá bom, amanhã a gente resolve isso", pensei.  E agradeci pelo Espírito Santo estar indo comigo ao cinema e ainda batendo um papo para que eu desabafasse e recebesse orientação sobre o que estava me afligindo.  

Chegamos ao Barra Shopping e assistimos o "Perdido em Marte" 3D.  Foi um ótimo filme, em ótima companhia!

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Sentindo A Conferência Geral

Acho que os meus amigos do facebook não devem ter entendido nada das minhas postagens deste final de semana.  Eu estava uma máquina de postar, eufórica com a conferência geral da Igreja e curiosa para saber quem seriam os novos 3 apóstolos.  Entre outras futilidades, estava torcendo por um apóstolo brasileiro (eu disse que era futilidade) e o meu favorito era o Elder Ulisses Soares.  Claro que eu gosto de outros líderes brasileiros, como o Elder Carlos Godoy, mas cada um tem o seu queridinho e esse é o meu!  

O que é então essa conferência geral?  De seis em seis meses, sempre no primeiro final de semana de abril e no primeiro de outubro, as autoridades gerais da Igreja que lideram todo o trabalho ao redor do mundo falam para toda a Igreja.    Isso por si só já é um evento especial mas além disso, é nessa ocasião em que são apresentados e apoiados os irmãos e irmãs que servem na Igreja.  E desde a última conferência, três apóstolos haviam falecido e a Igreja aguardava com antecipação quem seriam os irmãos chamados para ocupar a posição.

É, eu disse apóstolos.  Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, somos liderados por homens que possuem o mesmo chamado que foi dado a Simão Pedro e seus companheiros pelo próprio Salvador Jesus Cristo.  Os irmãos que faleceram já estavam com idade avançada e até o último momento de suas vidas se dedicaram a Igreja e deram tudo de si.   Tenho algo a agradecer especificamente para cada um desses três homens, mas especialmente ao Elder Scott, que foi uma figura importantíssima na minha vida.  Sua alegria e seus conselhos foram alentos em momentos muito difíceis que enfrentei, especialmente nos momentos decisivos de escolhas com consequências permanentes.

Então  o meu queridinho não foi escolhido mas eu não fiquei nenhum pouco triste, ao contrário!  Na verdade, fiquei foi emocionada porque eu já amava os três que foram escolhidos.  Na última conferência eu simplesmente amei o discurso do Elder Renlund.  Até arriscaria dizer que seria ele o meu favorito se não fosse o Elder Stevenson um dos três agora!  Pois é, gente, o meu marido é só alegria.  Ele não teve nem forças pra gritar quando ouviu o nome do presidente de missão dele ser falado.  Não tão alto pelo menos, porque eu nem consegui escutar o nome do Elder Renlund quando foi dito por causa do barulho dele!

Minha primeira reação foi pensar que eu sempre quis uma foto das crianças com um apóstolo.  Agora eu posso promover as “fotos com o presidente de missão do papai” a “fotos com o apóstolo”.  Ó que legal, ó!




E pensar que quando eu era criança nem sonhava que seria possível algo assim.  Aliás, sonhar eu sonhava.  Nunca vou esquecer do dia que perguntei para minha vó onde estavam os apóstolos e os profetas de hoje em dia.  Afinal de contas, eu gostava tanto dos que estavam na Bíblia, eu adoraria conhecer os servos de Deus de agora.  Mas a minha vó não era membro da Igreja e nunca nem tinha ouvido falar na restauração do evangelho e por isso sua resposta foi que não existiam mais profetas como antigamente.  Eu saí quietinha e fui para o meu quarto chorar.  E chorei muito, viu!  Falei para o Senhor que não era justo que não tivéssemos mais profetas ou que euzinha tivesse nascido assim, em um momento sem profetas, porque se vivesse na época deles eu os seguiria. 


Tenho certeza que o Pai Celestial deve ter dado uma leve risadinha nessa hora.  Bondoso e justo como Ele é, Ele sabia do meu coração e não só me colocou em uma época de profetas, mas nos dias em que podemos receber seus ensinamentos na televisão da nossa sala de casa e levar suas palavras para onde quisermos nos nossos celulares.  Lembro para sempre desse dia com gratidão e tenho procurado levar a minha vida de maneira a honrar a confiança que nosso Pai tem mim, me enviando em tempos tão maravilhosos em que temos acesso aos poderes do céu assim como era quando Jesus Cristo estabeleceu Sua Igreja entre seus discípulos da Galiléia.