quarta-feira, 29 de junho de 2016

Sobre o Amor e Antropologia

Como uma estudante de antropologia, é de se esperar e é esperado que conheçamos outras culturas, que nos interessemos por elas. Há um grande debate entre as pessoas nos dias de hoje sobre métodos, visões, crenças sobre qualquer atividade que somos sujeitos, como cuidar de crianças, ser esposa, ser saudável, entre muitos outros. Temos completo acesso a maneiras como outras culturas lidam com certas situações, a maneira como pessoas de outros continentes enxergam a maternidade e a família por exemplo. É normal do ser humano sempre enxergar a maneira como ele vive, os seus costumes, suas crenças e práticas culturais como sendo as mais normais, as mais lógicas e corretas. Entendemos que existem outras culturas, mas muito dificilmente entendemos que não existe maneira correta de fazer as coisas e praticar certos hábitos. Entendemos as diferenças mas não gostamos delas. O mundo seria mais fácil se todos pensassem igual, e fossem iguais, apenas com mínimos aspectos diferentes.
Quando fui fazer minha pesquisa de campo para minha tese de antropologia, eu decidi estudar imigrantes Mexicanos. Encontrei 4 famílias que aceitaram participar de 2 meses e meio de pesquisa. Tive que observá-los, fazer entrevistas, muitas entrevistas, e sem prejudicar minha pesquisa com a influência de minha opinião, tive que descrever exatamente como eles viam as coisas, seus costumes e valores, e práticas anexadas a sua cultura. Isso tudo para que eu pudesse entender se imigrantes eram realmente influenciados pela cultura do país de residência, abandonando então sua cultural de origem. Cheguei à conclusão que imigrantes não abandonam suas práticas, costumes, crenças, valores e visões culturais mesmo vivendo tantos anos em uma outra cultura. No início dessa jornada não tao fascinante, mas sim complexa e cansativa que é entender uma outra cultura sem prejudicar os resultados com meus julgamentos, não havia outra maneira de pensar a não ser comparar a minha própria cultura e depois compará-la a cultura local, que no caso era a Americana. Em minha mente eu fazia julgamentos, pensava que as práticas que eles faziam não era muito eficientes e corretas, ou até mesmo isso aconteceu ao conversar com eles sobre a cultura Americana. Há muita diferença entre Americanos e Brasileiros.




Isso também acontece na comparação a religiões. É fácil julgar outras crenças com pensamentos de que a maneira como as pessoas enxergam o mundo, Deus, e divindade é completamente equivocada e sem sentido. Só a nossa é a certa. Ao final dessa minha pesquisa, precisando aplicar métodos que tirassem meus julgamentos e não afetassem o resultado dela, eu consegui olhar o ser humano de uma outra forma, e por isso tive uma experiência fascinante no final. Sabemos que todos nós somos filhos do Pai Celestial, e que devemos amar a todos. Mas nunca ninguém nos disse que devemos amar as diferenças gritantes de um indivíduo e outro.


Achamos que devemos ser todos iguais na maneira que enxergamos a vida, que praticamos certos princípios e valores, como por exemplo como cuidar dos filhos, como as mulheres devem ser, responsabilidades de gêneros, entre outros. A experiência de ter que entender de perto uma cultura me fez enxergar algo belo. E com certeza isso aconteceu porque olhei com uma perspectiva divina, a influência do evangelho de Cristo, seu exemplo, seus ensinamentos e sua vida. O Senhor nos deu a bela oportunidade de sermos diferentes, praticarmos diferentes costumes e valores porque somos dotados de capacidades e inteligência. É lindo ver como as pessoas agem de acordo com seus valores. Elas enxergam um mundo diferente do nosso. Acreditam num mesmo Deus que nosso, mas seus costumes a essa crença são praticados diferentes. Eu passei a amar as pessoas, a não julgar o que é certo ou não, a respeitar que cada um tem uma visão diferente sobre práticas e valores, e não há sequer uma resposta certa para todas as coisas que nos rodeiam. Apenas uma resposta que sabemos ser a correta: Deus vive, e somos seus filhos. Temos capacidade de sermos que nem Ele é se buscarmos seguir seu exemplo. Nesse mundo ou em outro, continuaremos a ser diferentes, porque isso adiciona vida e progresso a nossa existência. Passei a amar as pessoas como elas são, suas opiniões, suas diferenças, crenças e costumes. Passei a enxergar o que o Senhor espera que enxerguemos: não importa nossa roupa, não importa como nos colocamos como mulheres dentro de nossos lares, não importa como demonstramos fé. O que importa mesmo é "amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo". Deus ama os Indianos com suas vestimentas, os Polinésios com suas tatuagens, os Mulçumanos com suas túnicas, os Americanos com seu modo individualista. Não há maneiras certas, somos todos iguais perante Deus, e somos todos diferentes, e isso é belo.


Como uma antropóloga, o evangelho de Jesus Cristo me ajudou, e ainda ajuda, a não só analisar culturas e comportamentos de diferentes indivíduos, a não apenas descrevê-los e repassa-los, a não apenas achar belo mas ainda pre-julgar maneiras culturais diferentes a minha. O evangelho me ajudou a entender que a diferença individual e coletiva é a essência e a beleza de viver nesse mundo tão grande, de entender porque o Senhor permitiu que nos espalhássemos pelo mundo, que nos aglomerássemos em pequenas comunidades, tribos, vilas, e nações. Eu passei a amar mais ainda culturas e o ser humano por causa do evangelho de Cristo.


Cassia Reis

Estaca Georgia, Atlanta, EUA.

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