segunda-feira, 13 de junho de 2016

A Vida Em Um Passeio

Nesse feriado minha esposa e eu fomos levar a nossa filha, Amanda, de 5 anos, à praia.
Decidimos que iríamos a um ponto da praia do Recreio, próximo a nossa casa, mesmo sabendo que é um local onde o mar costuma ser revolto e as ondas costumam ser grandes, porque queríamos voltar logo e porque apenas queríamos que nossa filha gastasse um pouco de sua interminável energia correndo na areia.




Depois de alguns poucos minutos dirigindo conseguimos uma vaga para estacionar o carro e atravessamos a avenida a pé em direção à areia sem saber, ao certo o que esperar daquele ponto.
O início das brincadeiras foi um pouco conturbado, como esperado, com a Amanda, como qualquer criança, ansiosa por brincar e aproveitar cada espaço e cada segundo daquele momento sem se dar conta dos riscos envolvidos. O mar estava numa temperatura agradável e limpo o que o tornava muito convidativo apesar dos perigos que oferecia a todos e, especialmente, a uma criança. Uma bandeira vermelha do Corpo de Bombeiros sinalizava que o ponto que estávamos era perigoso para banhistas em razão da corrente marítima. O calor, já habitual para essa época do ano com a sensação térmica perto dos 50°, completava o cenário e a praia estava lotada.
Não demorou para que eu dissesse à Amanda que naquele momento, naquele passeio, mais do que nunca, ela tinha que me obedecer, prestar atenção à minha voz e não soltar da minha mão. Também estabeleci com ela uma área onde poderíamos brincar em segurança junto ao mar, onde as ondas chegavam já fracas e apenas molhavam a areia sem oferecer risco. 
Foi então que, ao dizer isso a ela, alguns pensamentos me vieram à mente. Me dei conta de que não era apenas naquele momento, mas em todos os momentos que ela deveria ouvir a minha voz e seguir o que eu lhe ensinasse. Em seguida pensei também que todos nós devemos sempre ouvir a voz de nosso Pai Celestial, segurarmos firmes na “barra de ferro” e permanecermos nos limites seguros estabelecidos por Ele.
Jesus Cristo, ao ministrar pessoalmente aos nefitas, ensinou: “E todo aquele que der ouvidos às minhas palavras e arrepender-se e for batizado, será salvo. ” (3 Néfi 23:5). 
Enquanto permanecermos agarrados à Barra de Ferro, que significa “a palavra de Deus, que conduz à fonte de águas vivas, (...) ” (1 Néfi 11:25) teremos a certeza que jamais pereceremos, “nem as tentações nem os dardos inflamados do adversário” poderão nos dominar até a cegueira, para levar-nos à destruição (1 Néfi 15:24).
Como ensinou a Sister Carole M. Stephens – Primeira Conselheira na Presidência Geral da Sociedade de Socorro, na Conferência Geral de Outubro de 2015: “Podemos ver os mandamentos como limitações. Podemos sentir que, às vezes, as leis de Deus restringem nossa liberdade, tiram nosso arbítrio e limitam nosso crescimento. Mas, ao buscar mais entendimento e permitir que o Pai nos ensine, começamos a ver que Suas leis são uma manifestação de Seu amor por nós e que a obediência a Suas leis é uma expressão de nosso amor por Ele” que declarou: “Se me amais, guardai os meus mandamentos”.
Diferente do que esta experiência que tive com a minha filha, esta vida não é um passeio. Entretanto, de modo semelhante, temos um “mar” de oportunidades convidativas para nos afastarmos do caminho seguro que nos levará à salvação. 
“Cada um de nós vem para este mundo decaído com fraquezas ou desafios inerentes à condição humana”. Sabíamos na vida pré-mortal, quando nos foi ensinado sobre o Plano de Salvação, o que passaríamos aqui nesta vida. Sabíamos que seríamos tentados e testados. Sabíamos dos perigos a que estaríamos sujeitos e prometemos obedecer. “Aprendemos que, se aceitássemos e seguíssemos o plano, precisaríamos deixar voluntariamente a presença do Pai e ser testados para mostrar que escolheríamos viver de acordo com Suas leis e Seus mandamentos. Regozijamo-nos com essa oportunidade e com gratidão apoiamos o plano porque ele nos oferecia um modo de tornar-nos semelhantes a nosso Pai Celestial e herdar a vida eterna. (Élder Robert D. Hales – do Quórum dos Doze Apóstolos – A Liahona outubro 2015.)
A todo o momento do nosso passeio na linda praia do Recreio tínhamos a liberdade para fazer algumas escolhas. Tínhamos a liberdade para escolher um outro ponto mais seguro, tínhamos a liberdade para brincar apenas na areia, para apenas molharmos os nossos pés na água ou ainda para nos arriscarmos a entrar naquele convidativo, mas perigoso mar. Felizmente decidimos por permanecer na margem, na areia, no local seguro e com isso fomos abençoados com bons momentos desfrutando da companhia um do outro sob o sol do verão ao cair da tarde.
Se tivéssemos sido imprudentes e nos arriscado ao entrar no mar, ainda que “apenas” alguns poucos metros, certamente nossas opções de escolha teriam sido drasticamente reduzidas e correríamos sérios risco de morte e sermos levados pela corrente marítima. 
Fiquei feliz ao ver que nossa filha fez a escolha certa mantendo-se o tempo todo agarrada à minha mão. Isso não a limitou de se divertir, não a limitou de aproveitar o passeio e voltar para casa em segurança.
De modo semelhante, ao guardarmos os mandamentos, orarmos pela manhã e à noite, sozinhos e em família, estudarmos diariamente as Palavras do Senhor que se encontram nas escrituras e nas palavras dos profetas modernos, aproveitaremos a nossa vida em sua plenitude e saberemos que estaremos em segurança trilhando o nosso caminho de volta ao nosso eterno lar.

Heron Polatti

Estaca Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Brasil.

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