terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Por amor

Esse sábado eu fui para a festinha de uma amiguinha da minha filha mais velha.  E no papo das mães, todas amigas, sempre surgia as férias escolares e todo o cansaço que elas representam para quem tem criança pequena.  E depois de alguma conversa eu e uma amiga rimos pensando em como ser mãe é tão difícil e mesmo assim é o que a gente mais recomenda para qualquer pessoa que perguntar.  Como explicar que os causadores dos nossos problemas são a nossa maior fonte de alegria?

É um daqueles mistérios que eu demorei muito para entender.  Durante esse ano, que de diversas maneiras foi o mais difícil da minha vida, eu me lembrava da minha vó Dorinha sentada no sofá da sala lamentando algumas decisões dos meus tios.  Ela sempre repetia variações dessa mesma frase "eu dei conselho, mas quem não aprende pelo amor aprende pela dor".  Ouvindo aquilo que ela dizia me parecia claro que o caminho mais fácil era ser obediente, ouvir os mais velhos, e que agindo assim eu seria poupada dos problemas.  Como eu estava enganada!

Olhando para trás, eu vejo que tirando um ou outro momento de crise, eu sempre procurei ser uma menina obediente e que ouvia meus pais e outras pessoas de confiança.  Normalmente, o que me era pedido era o mais difícil, o que me levou a testar meus limites.  Muitas vezes esse limite chegou antes da minha capacidade de superá-lo.  Quebrei muito a cara e me questionei.   Ouvi alguns conselhos errados e não consegui aplicar alguns dos certos porque estava tentando seguir muitos conselhos ao mesmo tempo.

Por esse motivo, ao longo de tudo o que precisei viver este ano, em muitos momentos eu sentia como se fossem minhas as palavras do pregador:


"Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o tolo anda em trevas; também então entendi eu que ao mesmo lhes sucede a todos.
 Pelo que eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que, pois, busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isso era vaidade. Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo quanto agora há, nos dias futuros total esquecimento haverá. E como amorre o sábio? Assim como o tolo.Pelo que odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me parece penosa; porque tudo é vaidade e aflição de espírito."Eclesiastes 2:14-17
Tenho certeza que esse é um aprendizado que todo bonzinho vai ter na vida se for sua pretensão continuar bonzinho.  Os que não compreendem eventualmente se cansam e outros ainda nem tentam.  Porque o bem se faz por amor e isso, para meu desapontamento, nunca foi isento da dor.  Nos dias em que o desânimo parece ser maior do que eu, frequentemente vem a minha cabeça as palavras de Paulo:


"Porque, se alguém supõe ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não em outrem.
 Porque cada qual alevará a sua própria carga.
 Não aerreis: Deus não se deixa bescarnecer; porque tudo o que o homem csemear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.
 E não nos acansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido."
Gálatas 6:3-5;7-9
Esses dias, cuidando das minhas plantinhas e ponderando discursos e escrituras que eu vi, entendi que é muito apropriado falar em plantio e colheita quando tratamos dos desafios da nossa família, profissão e de todos as outras coisas dignas que ocupam a nossa vida.  Porque assim como ninguém planta em um dia e colhe no outro, qualquer coisa que valha a pena requer do nosso tempo e do nosso esforço paciente.  Só se preocupa e se ocupa de ervas daninhas, pragas, predadores, adubação quem está a espera de uma colheita de algo bom.  

Essa é uma lição que quem nunca plantar nunca vai saber.  As durezas da vida daquele que semeia e cuida para ver a colheita vem acompanhada de muitos prazeres delicados, pequenos momentos que fazem tudo valer a pena.  Porque a vida vai ser difícil para todo mundo, seja você legal ou não!  Mas se escolher fazer valer a pena, esses momentos de aflição vão se alternar com momentos de deliciosa satisfação.

Na vida de mãe, essa satisfação vem de preciosos momentos com beijos, abraços, sorrisos, declarações de amor e gratidão.  



segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Vencendo a timidez

Essa semana eu fiz umas mudanças estéticas no blog!  Gostaram?!  Faz parte do meu processo de vencer a minha timidez e divulgar o trabalho que tenho feito desde maio deste ano. Talvez a palavra correta nem seja essa porque quem me conhece sabe que eu não sou nenhum pouco tímida.  Mas eu sou bastante insegura às vezes, especialmente quando o assunto é falar de coisas da minha fé.  Porque eu realmente não me sinto digna de representar a Igreja!  Eu sei de todas as minhas falhas, convivo com elas e sei que as pessoas ao meu redor também.  Minha principal preocupação é fazer o meu Salvador passar vergonha seja por causa das minhas imperfeições como discípula ou dos erros do meu português.



Mas tem ainda outra coisa que me incomoda muito: é a possibilidade de agir de forma hipócrita.   Por mim eu só falaria publicamente de alguma coisa quando eu tivesse respaldo moral para fazer isso. Ainda mais na internet, uma praça pública onde todos são vidraça diante de uma multidão com anonimato e pedras na mão!  Como vir diante do mundo e falar de coisas que para mim são tão sagradas?

Esse ano, entretanto, tenho aprendido coisas surpreendentes ao estudar as interações de Cristo com aqueles que ele chamou de hipócritas nos dias de sua pregação.  Percebi que agir de maneira diferente do que se acredita não é o que Cristo condenou com toda sua energia.  Na verdade, os hipócritas frequentemente condenavam Cristo justamente por andar com aqueles que eram os tais pecadores desprezados!

Quais seriam então os sintomas da hipocrisia?  Eu separei quatro que embora não sejam os únicos, são os mais recorrentes e fáceis de reconhecer em nós mesmos.  Enfatizo que pegar uma lista como essa e procurar encaixar nela outras pessoas que se conhece é tão hipócrita que eu deveria listar como o quinto sintoma.  Está pronto para ver se passa no teste?  Aqui vai!

  1. Hipócritas falam mal do que é bom.  Na época de Cristo, eles diziam "este não expulsa os demônios senão por Belzebu" (Mateus 12:24).  Hoje em dia continuam na mesma, nenhum ato de bondade é realmente bom pois eles sempre suspeitam de algum motivo sujo escondido por trás.  Eles costumam chamar os bonzinhos de sonsos, falsos, "santinhos do pau oco" e outras variações.  E claro que é fácil para aquele crente, fanático!  Doa para os pobres porque tem dinheiro.  Aquele outro ajuda quem precisa porque não tem nada melhor pra fazer.  E assim, ele diminui ou torna ruim toda iniciativa boa que se apresenta.  
  2. Hipócritas não fazem nada.  Sabe aquela pessoa que passa o dia falando mal de política mas já está com o título cancelado faz tempo?  Essa é uma atitude hipócrita que se repete em vários âmbitos, inclusive lá nos dias de Cristo.  Sobre eles o Salvador disse que "atam fardos pesados e difíceis de suportar e os põe sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com seus dedos querem movê-los" (Mateus 23:4).  Ou seja, o padrão do hipócrita é realmente bom, mas é difícil de atingir inclusive por ele mesmo, que não faz nem aquilo que está ao seu alcance.  Mas está tranquilo, ele não tem a menor intenção de mexer nessa casa de marimbondo mesmo!
  3. Hipócritas tornam tudo um bicho de sete cabeças.  Tudo bem que o ser humano tem essa tendência de complicar! Natural, normal, nós mulheres sabemos bem o que é isso.  Mas o hipócrita ama a complicação e o básico nunca vai servir para ele, que sempre torce o nariz.  Nos dias de Cristo, eles adoravam complicar vários mandamentos, como o do dia do sábado (Lucas 6:1-5).  Se o evangelho era o pique pega, o dos fariseus era o pique alto, pique parede, pique cola...     
  4. Hipócritas querem ser vistos.  Eles só se preocupam com aquilo que os outros vão pensar deles.  Aquilo que pode ser varrido para debaixo do tapete não ganha sua atenção.  "Amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,  e as saudações nas praças e serem chamados pelos homens" (Mateus 23:6-7).  Por causa disso  "limpam o exterior do prato e do copo" e deixam o interior cheio de coisas desprezíveis.
Na verdade vivemos em um mundo tão hipócrita que é impossível nunca agir assim de alguma maneira ou de outra.  Pois como ensinou Paulo "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23).  

Por isso que eu sou tão grata a Jesus Cristo que nos resgata de nossa fraqueza e de nossa maldade e nos mostra um caminho melhor e mais leve.  Podemos curtir e ser gratos com a bondade que existe no mundo, não precisamos duvidar dela!  Podemos buscar melhorar o nosso entorno e sentir a realização de fazer o bem.  A vida pode ser simples e a gente pode ser feliz assim.  E definitivamente podemos alcançar todo nosso potencial sem uma plateia que nos defina.  

"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32).