quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Casa Nova, Vida Nova

Pois é, nem todo mundo está sabendo ainda, mas nos mudamos para os EUA.  O meu marido veio fazer um MBA na Brigham Young University e nesse tempo estaremos aqui em Provo, no estado de Utah.  Quem me conhece sabe que eu amo o Rio de Janeiro, um amor realmente verdadeiro. Conheço bem os problemas da cidade, mas o meu coração bate forte só de pensar na minha terrinha.  Para mim o maior encanto do Rio de Janeiro são as pessoas -- em primeiro lugar, minha família, mas também a capacidade de agregar gente boa e alegre que aquele lugar tem, sejam eles cariocas da gema ou não.

Mas a adaptação a Provo tem sido muito mais tranquila do que eu esperava.  Parece que estou em uma cidade de Lego, pequena mas com tudo o que você esperaria de uma cidade.  E é tudo tão perto que o tempo rende de uma forma que é um bálsamo para quem tem horas de engarrafamento nas costas.  O lugar é limpo e organizado, os serviços são de alta qualidade e as pessoas são muito gentis, mais gentis inclusive do que na vizinha Salt Lake City, onde morei por um ano na adolescência.  Na verdade, aqui eu realmente me sinto em uma cidade mórmon, muito mais do que na nossa Meca tão repleta dos monumentos da história da Igreja.

Vamos fazer um mês por aqui mas ainda estamos turistando.  Essa região tem muito mais coisa para ver do que eu esperava e com um bebê de dois meses os lugares e a agenda tem que ser muito bem pensados. Esses passeios têm fortalecido a minha admiração pelo povo de fé que estabeleceu tudo isso em meio ao deserto em sua pobreza.  Um passeio especial foi levar as crianças nos jardins do Provo City Temple, localizado no centro da cidade.

Image result for provo city temple

Parece um castelo.  Os jardins impecáveis com cheirosas flores de cores vibrantes como eu imaginava ao ler os livros de história da minha infância.  Existe uma majestade naquele edifício que não pode ser percebida em fotos, embora ele seja fotogênico.  Ele é, acima de tudo, um lugar inspirador representando um passado que para mim é uma fonte de esperança muito necessária nos dias de hoje.

O prédio é antigo e faz parte da história da cidade.  Era um tabernáculo da minha Igreja, usado para grandes reuniões e para eventos civis como formaturas e outras solenidades.  Até que um dia ele passou por um incêndio e praticamente foi abaixo, só restando as paredes externas.  E passou algum tempo assim até que a Igreja anunciou que o transformaria em um templo.  Mas esse ainda não foi o final feliz: as paredes sobreviventes tiveram que passar por uma obra gigantesca sem desabar.  Com muito cuidado o trabalho de restauração aconteceu, criando inclusive um caso de estudo de engenharia que ficou famoso pelo mundo afora.  Até as fundações foram novas e o prédio por muito tempo era como uma casquinha de sorvete, apoiado em uma estrutura de metal que de longe fazia parecer que flutuava.

Fico pensando como muitas vidas são assim.  Primeiro vem a ruína, deixando só o suficiente para existir.  E depois, ao receber a esperança que vem de Deus de uma nova perspectiva, ao invés de paz recebem anos de vazio, trabalho árduo e uma construção que desafia a mente e a criatividade humana.  Me lembrei de quando Ele disse:
"Eis que  te purifiquei, porém não como a prata; escolhi-te na afornalha da aflição."  (Isaías 48:10)
Coloco abaixo o link para um vídeo com um pouco dessa história de aquecer o coração.  Precisamos acreditar que depois do fogo, do vazio, das marteladas e, claro, de muito trabalho, o resultado é um lugar de paz e beleza capaz de inspirar e transformar as vidas que o contemplarem.

https://www.youtube.com/watch?v=zyBRKZBPCiI


2 comentários:

  1. Lu, que texto lindo! Concordo com tudo que você falou, com conhecimento de causa.
    Parabéns pelo texto impecável e pela mensagem inspiradora!

    ResponderExcluir