quinta-feira, 28 de julho de 2016

Momentos para se guardar

Esse mês viajei e fiquei enrolada com muitas coisas.  Por isso não pude continuar designando e convidando pessoas para escrever no blog.  Agora em casa, pensando em como eu faria para dar continuidade ao projeto, lembrei desse post que eu nunca publiquei, não sei bem o porquê.  Escrevi após a conferência de abril deste ano.
                                                   

Hoje de manhã, depois que lemos as escrituras juntas, ficamos enrolando na cama no quarto das meninas. Elas brincavam, se beijavam, se abraçavam... Em meio aquelas risadas e palavras de carinho, senti que estava presenciando um momento perfeito.  A alegria e a paz eram tão evidentes que bem que eu gostaria de guardar aquela cena em uma linda caixinha para ser aberta em horas de dúvida e tristeza.

Deixei as meninas na escola e voltei pra casa pensando em como nada poderia melhorar nem piorar aquela ocasião.  Não seria mais bonito com um papel de parede mais caro nem mais feio em um barraco.  Não seria mais agradável fosse eu obesa ou atleta.  Não seria mais emocionante em um resort no caribe ou em um lindo hotel de estação de esqui.  E o meu coração ficou cheio de uma maneira que só quem viveu esse tipo de momento pode entender, embora duvido que possa explicar.

Como todo ano, no primeiro fim de semana de abril, passamos tanto o sábado quanto o domingo dedicados a assistir a conferência geral da Igreja, quando os apóstolos e outras autoridades da Igreja nos falam a vontade do Senhor para a nossa vida hoje.  Estou cheia de gratidão pelas escolhas que me levaram a viver essas coisas.  Não sei onde estaria se minha vida tivesse tomado outro rumo, mas senti que nenhum outra maneira de agir poderia me trazer maior alegria do que viver esses princípios que me aproximam de Deus.

Fico pensando nos momentos em que me perguntei se deveria mesmo fazer a vontade do Senhor.  Sei que não viveria esse momento se não tivesse decidido ouvir a voz de seus profetas e desejar ter uma família e fazer dela a prioridade em minha vida.   Se eu estivesse hoje no meu trabalho eu não teria testemunhado isso.  Se eu tivesse optado me poupar dor de cabeça e ter uma única filha eu não teria visto nada disso.  Se eu tivesse me casado com alguém que não guardasse os mandamentos, eu não teria nenhuma dessas oportunidades.  Dentro do meu coração, as palavras da música que canto com as meninas ganharam muito mais significado:

Existe razão em nosso viver,
Existe um plano que nos fez nascer.
Por minha escolha a essa Terra vim,
E devo buscar o melhor para mim.

Esse plano eu vou cumprir,
A palavra de Deus vou seguir!
Vou trabalhar e sempre orar,
Seu caminho quero trilhar,
E a felicidade e paz não findarão jamais!

Sinto profunda gratidão a Deus pelo dom do arrependimento e a cada mudança que faço me sinto mais abençoada.




quarta-feira, 6 de julho de 2016

Um verdadeiro milagre

Eu tenho síndrome do coelho branco, sempre correndo de um lado para o outro atrasada.  E nessa afobação eu acabo deixando muita coisa passar pensando naquilo que eu preciso fazer.  No início de junho, a minha vizinha e amiga da Igreja veio me perguntar se eu já tinha visto uma família que catava lixo na nossa rua.  Ela me contou que estavam sempre lá pai, mãe e filhos em um estado precário de higiene, se alimentando do que encontravam e separando os recicláveis para vender por dinheiro.

Decidi passar a olhar a rua quando saía e não demorou muito eu vi a tal família.  Parei e conversei com eles, perguntando sobre sua experiência de trabalho e como poderia ajudá-los a encontrar um melhor.  Eles me falaram que tinham perdido seus documentos havia algum tempo e não tinham como ser contratados.  Era uma sexta e eles disseram que estariam ali naquele mesmo ponto da rua na segunda-feira.




Acho que eles não acreditaram muito no meu interesse.  Mas eu falei com os membros da minha ala (unidade de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) e na segunda-feira eu tinha bolsas e bolsas de doação para levar.  Tinha comida, roupas, material de higiene.  Quando me viram, sorriram mas logo se encabularam de estar dando biscoitos do lixo para seus filhos comerem na minha frente.  Fui com eles até um vendedor de quentinhas e comprei almoço para a família.  

O menino de 5 anos pulava que nem pipoca quando viu o que eu trouxe e o pai o animava ainda mais: como ele tinha sorte de tomar leite no seu aniversário!  Uma alegria que me atingiu como uma faca ao pensar nas minhas filhas.  Voltei para a minha casa, peguei uma roupa nova que tinha comprado para o meu primo e material de higiene, peguei brinquedos de menino com uma vizinha.  Levei essa pequena surpresa, dei-lhe um abraço apertado e falei para ele que tomasse um belo banho, colocasse aquela roupa novinha e brincasse com seus brinquedos.  

Desde então tenho acompanhado a família.  A cada semana foram muitas mudanças, ainda que sutis.  Me emocionei quando na semana seguinte encontrei o homem que comia do lixo agora manuseando tudo com luvas de borracha.  A cada semana mais limpos, a cada semana mais arrumados.  Conforme a sua aparência foi melhorando, mais pessoas passaram a reparar neles e lhes oferecer ajuda.  Até que hoje, para minha surpresa, encontrei com eles no mesmo horário e não os vi trabalhando na reciclagem.  Eles me avisaram que o pai conseguiu um trabalho!  E que vieram ainda precisando de ajuda porque o salário só vai cair no final do mês!

Esse milagre só aconteceu porque não apenas lhes demos comida.  Durante esse mês, as missionárias da Igreja os visitaram.  Eles receberam ajuda para encontrar trabalho, foram ensinados a orar a Deus e sobre o Livro de Mórmon.  A liderança da Igreja ajudou a dar entrada nos documentos.  Eles foram recebidos em casa e tratados como amigos.  Oramos, jejuamos por eles.  Não desistimos deles.  E a sua vida está mudando, pouco a pouco.  No próximo sábado seus filhos adolescentes serão batizados.  Eles estão cheios de esperança no futuro e muita gratidão.  Uma coisa linda de se ver!

Tenho muita gratidão por tudo o que tenho aprendido com essa família escolhida por Deus para me ensinar sobre como viver a vida.  Aprendi a prestar mais atenção nas oportunidades de fazer o bem.  Me dói só de pensar quanta coisa boa que eu deixei de viver porque estava apressada e simplesmente não vi a dor que eu poderia ter aliviado.  Ainda assim, me sinto imensamente grata por ter amigos maravilhosos que me mostram o que eu não consigo ver sozinha.  Sou feliz por fazer parte de uma comunidade de seguidores de Jesus Cristo que prontamente compartilharam de seus recursos para ajudar uma família carente e por líderes maravilhosos que deram o seu tempo para realizar esse grande trabalho.

Tudo isso me traz à mente as palavras de Nosso Senhor.
 34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por aherança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
 35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
 36 Estava nu, e vestistes-me; aadoeci, e bvisitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
 37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
 38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
 39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
 40 E respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o afizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Mateus 25:34-40

O autor preferiu não se identificar.  Essa história aconteceu no Rio de Janeiro, Brasil.