terça-feira, 23 de junho de 2020

Esperando em Deus em 2020

Hoje eu vi um grilo amarelo e pensei que no meu azar:  o que eu precisava mesmo era encontrar uma esperança!

Desde 2015 que a vida parece ter evoluído de treinamento para campeonato.  Mas esse ano de 2020 tem sido como uma final que foi para os pênaltis, pois haja coração.  Não bastassem os desafios coletivos que estamos vivendo, nossa família tem enfrentado muitas incertezas.  Posso dizer que a maioria dos desafios se desdobraram de forma positiva.  Mas outros que me eram tão queridos e importantes tiveram desfechos inesperados.  E assim a vida vai.


Eu confesso que eu tenho me surpreendido com a minha paciência.  Acho que essa coisa de ficar mais velho traz mais do que rugas e quilinhos extras.  Cada vez mais eu aprendo que o lance é remar a favor da maré e aceitar a vontade de Deus.  O que eu não contava era que as tristezas, as decepções, derrotas me trariam não só empatia e sabedoria para aceitar.  Olhando bem pra dentro de mim, percebi algo que me incomodou bastante.


Sempre me considerei uma pessoa de fé e acho que eu tenho razão para isso.  Eu acredito em um Deus que é meu pai e que me ama e enviou o Seu filho Unigênito por mim e por todos nós.  Amo aprender sobre Ele em todas as fontes, na sua palavra, na natureza e na vida de seus filhos.  Creio que Ele é nosso criador e que fez todas as coisas. Em épocas boas e ruins, minha atenção tem se voltado para Ele, para agradecer e para pedir.   E tenho buscado viver a minha vida de acordo com os mandamentos Dele, me arrependendo e me corrigindo quando não consigo.


Mas descobri ultimamente que a minha esperança tem vacilado bastante.  Não sei explicar quando ou como isso aconteceu, mas eu percebo que eu não tenho mais aquela mente otimista que eu tinha antes.  Eu tinha plena certeza que tudo daria certo mais cedo ou mais tarde e desistir para mim era algo bem difícil de fazer.  Quando não dava eu me surpreendia!   E depois?  Continuava tentando.  Porque um dia tinha que dar certo!


E como é a Luciana agora?  Mais ou menos a mesma coisa.  Essa semana, por exemplo, meu filho mais novo finalmente começou a mostrar progresso no desfralde.  Estou há semanas deixando que ele fique sem fraldas durante o dia, apesar de quase todos os dias ele ter pelo menos 1 acidente.   Recuar?  Jamais.  Lavo muitos panos, mas esse garoto vai aprender!  Ele tem 3 anos e é saudável... É claro que ele consegue.


E o que mudou então?  Ah... Mudou que agora eu não espero nada além do provável.  A minha persistência passou a ser muito mais seletiva.    Comecei, portanto, a colocar limites em Deus e no que Ele pode fazer por mim.  


Já pensou se Moisés tivesse feito isso quando o Espírito Santo o instruiu a abrir o mar? 


Perigoso, eu sei.  Mas eu ainda não sei como mudar isso.  Estou assim como o Salmista:


"Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim brama a minha alma por ti, ó Deus!

A minha alma atem sede de Deus, do bDeus vivo; quando irei e me apresentarei ante a face de Deus?
As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
Quando me lembro disso, dentro de mim derramo a minha alma, pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.
Por que estás abatida, ó alma minha, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face."  (Salmos 42:1-5)
Existe uma distância entre aquilo que a gente sabe na nossa mente e aquilo que a gente agarra com o coração.  Eu não imagino um Deus criador limitado, mas a minha alma parece não contar mais com o Seu socorro e está pronta para aceitar o que vier sem resistir.  Mas se até Jesus perguntou no Getsemâni se dava para passar sem essa, quem sou eu para desistir?

Há esperança.  Até em 2020!  E principalmente em 2020!








segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Sorvete para alma

Estou há 1 mês no Brasil.  Em dezembro de 2018 realizei o sonho de ser tia com um lindo menino chamado Davi.  Como a vida é cheia dessas ironias, essa alegria veio justamente quando eu não poderia aproveitá-la por estar em outro país.  Então agora em dezembro tive enfim a oportunidade de vir para o aniversário de um ano dele e de quebra pude passar o natal e o ano novo com meus pais.

Não foi uma viagem fácil, mas para viajar sozinha com 3 pequenos você tem que criar expectativas bem mais modestas do que as dos outros viajantes pelo mundo.  Na vinda, por exemplo, minhas ambições eram que ninguém se machucasse, se perdesse no aeroporto, sentisse dor de ouvido ou vomitasse em um vôo de 10 horas.  Felizmente apenas o último desses desejos não foi atendido, mas o acontecimento não chegou a ser uma tragédia.  Eu nem sabia o quanto o meu psicológico já tinha se adaptado a esse tipo de coisa nessa década de maternidade.

Em solo firme, eu também simplifiquei bastante.  Isso me custou, certamente, a oportunidade de rever os amigos que eu gostaria de rever.  Mas uma saída nas ruas cariocas e eu rapidamente me lembrei porque a maioria das mães tem até 2 filhos por aqui: cada saída na rua é uma aventura perigosa. Calçadas em pedra portuguesa que fazem as crianças tropeçarem, trânsito enlouquecido, o cachorro que alguém soltou da coleira, as pessoas aleatórias que vem falar com seus filhos (todos falam com as crianças aqui), além do alerta constante para evitar criminosos...  Administrar tudo isso quando você não consegue nem dar mãos a todas as crianças requer muita prática e eu realmente estava enferrujada.  Fiquei em casa a maior parte do tempo.  Ainda bem que aqui "em casa" inclui piscina e praia também.

Ah, e fui a Igreja!  Desde que me tornei adulta fiz um compromisso comigo mesma de que onde quer eu estivesse eu frequentaria a Igreja aos domingos; eu acredito que os anjos disseram amém quando me ouviram pois tenho conseguido cumprir essa meta desde os 18 anos.  No meu primeiro domingo, fui na ala que frequentava antes me mudar e revi muitas pessoas, o que foi muito legal.  Mas claro, muitas eu não conhecia.  Uma delas estava no canto, com uma cara triste, e eu fui até ela me apresentar.  Ela se chamava Gabriela e estava visitando a Igreja havia algumas semanas.  Me contou que estava muito desanimada de vir e que estava a ponto de desistir.  Eu falei pra ela que tudo na vida que era bom tinha uma dificuldade no início, mas que se ela persistisse teria muita alegria.  Contei da paz e das bênçãos de separar um tempo para o Senhor todas as semanas.

Ontem, praticamente um mês depois, estive na mesma ala e encontrei a Gabriela de novo.  Estava sorridente e feliz e tinha uma amiga que ela trouxera pra conhecer a Igreja.  Fui invadida por um sentimento maravilhoso de gratidão; ainda é difícil de segurar as lágrimas quando penso nessa singela alegria de ver o sorriso de quem antes estava triste.  Realmente a vida tem muitas delícias: sorrisos de criança, chocolate, abraço de quem se ama, presente esperado, uma lista interminável.  Mas ver a mão do Senhor na vida de seus filhos, é como um sorvete que satisfaz. 


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