domingo, 14 de fevereiro de 2021

Preparados e despreparados

No domingo passado, Valentine's Day, eu escrevi o seguinte:

"Esse é o nosso quarto inverno nos EUA e uma família 100% carioca sempre sente essa estação inexistente nas nossas origens.  Felizmente para nós, começamos a nossa experiência com o frio em Utah, um lugar onde tudo é preparado para se viver no frio.  Meu principal medo, o de dirigir, lá não era um problema porque as ruas eram sempre tratadas e limpas quando necessário.  A neve se integrava a rotina e tudo seguia como um dia normal.  Eu aprendi a conviver com as lindas paisagens de inverno sem reclamar (muito).

Mas então Deus foi generoso conosco e nos trouxe para o meio do Texas, um dos lugares mais quentes dos EUA.  Eu sei que o calor é não é pra todos, mas ele é pra mim.  Se eu fosse uma planta, seria uma de sol pleno, com certeza!  Se eu tiver que passar por uma temperatura extrema, sempre escolherei o calor.  E aqui o verão é de lascar, mas a primavera e o outono são perfeitos; o inverno parece mais curto e é um frio como o sul do Brasil.  Aliás, acabei de verificar que a nossa latitude é a mesma de Porto Alegre.  

Acontece que desde março de 2020 que a vida não é mais normal em muitos aspectos e o inverno parece ter entrado na onda por aqui.  Pra começo de conversa, a gente achou que o mesmo tinha sido cancelado.  Desde dezembro tivemos muitos dias bonitos que lembram muito a primavera.  Tive muitas caminhadas tranquilas ao redor do lago perto de casa.  

Até que agora em janeiro tivemos um domingo de muita neve, como ninguém daqui consegue se lembrar de ter visto antes.  Foi uma grande farra para todas as famílias e adultos e crianças aproveitaram para brincar.  No dia seguinte, no entanto, o quentinho já voltou e seguimos com a vida normal.  Nem tivemos que limpar a frente da casa para sair pois a neve já se foi com o sol.  Pensamos que esse seria o "snow day" do ano.  Ledo engano: neste preciso momento estou encorujada aqui no meu quarto, depois de passar frio por 3 dias, com uma previsão do tempo congelante para a próxima semana.  Parece que as temperaturas normais de inverno para essa região só vão voltar no sábado.  Até lá, as temperaturas máximas previstas são negativas e lá fora a rua está coberta de neve.

Diferente de UT, o frio aqui é uma calamidade pública."

Pois eu escrevi do calor da minha cama e não imaginava que o caos do trânsito (com mortes, inclusive) e do comércio eram só o começo.  Poucas horas depois das minhas anotações, às 2 da manhã de segunda, a luz caiu pra voltar na quarta feira à noite, 62 horas depois.  Eu nunca tinha vivido em um apagão dessa magnitude e nem imaginava que viveria justamente uma das cidades ricas do país mais rico.  

Não é que tenha faltado tudo.  Ainda tínhamos gás e água, embora ela tenha sido contaminada por falta de tratamento (a estação também foi desligada por falta de energia).  Nossa casa tem isolamento e lareira e se fôssemos só nós dois teria sido um acampamento em casa.  Mas os pequenos sao mais sensiveis.  A nossa filha do meio comecou a adoecer nas primeiras 12 horas sem aquecimento.

Fiquei pensando que o mesmo evento pode ser uma alegria ou uma catastrofe.  Vivemos invernos mais rigorosos que eram uma atracao turistica.  E entao, vivemos uma calamidade em uma nevasca breve e mais leve do que as que vivemos nas montanhas.  A diferenca entre as duas situacoes foi simplesmente a preparacao.

Mas pior que as emergencias da vida, sera encontrar Deus sem a preparacao que somos convidados a fazer.   Por isso, minha sugestao de leitura hoje e Mateus 25.  Que Deus nos abencoe com uma alma preparada quando formos chamados para que possamos entrar no seu descanso e alegria.


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